Como quem volta a casa, esteve aqui hoje de visita o Manuel Resende, o poeta, amigo também. Faria hoje 77 anos. E como era meu costume haveria de mandar-lhe algum poema de que eu gostasse, a servir de prenda de aniversário.
Seria desta vez um poema de Primo Levi, de «A Uma Hora Incerta» (tradução de Rui Miguel Ribeiro, que acaba de sair nas Edições do Saguão) e que a Chiara me ofereceu há dias: «Este é o tempo dos relâmpagos sem trovões, / Este é o tempo das vozes não ouvidas / Dos sonos inquietos e das vãs vigílias (…)»
a condizer com o que eu ia para dizer, do ar de desencanto que por aí corre. Que parece que, desavindos com a esperança que em tempos nos animou (porque, sim, também isso é verdade), corremos agora a esconder-nos das notícias que nos chegam, de tanta ignomínia sem freio, e tantas vezes cometida em nosso nome. Ia para falar disso, pronto, mas lembrei-me a tempo que atrás de tempos, tempos vêm e que nada acabou ainda. É só um pouco tarde, talvez.
E também disso fala o Primo Levi:
«… não esqueças os dias
Dos silêncios longos e fáceis,
Das estradas nocturnas e amigáveis,
Das meditações serenas,
Antes que as folhas caiam,
Antes que o céu se volte a fechar,
Antes que novamente despertemos,
Reconhecendo, diante das nossas portas,
O percutir dos passos de ferro.»
São coisas que o Manel entendia, de que falou também ele.
Desta vez, então, será ele a trazer um poema para partilhar com os que por aqui passam e que poderão não o conhecer ainda. Aqui está:

Bom poema do Manuel Resende e bela demonstração de amizade. Um abraço
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Gostei muito do poema do Manel Resende e do lindo texto que o acompanha.
Uma Amizade muito bonita!
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Do coração, precisava deste Manuel Resende e do Primo Levi para prosseguir. Obrigado, Zé Lima
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Boa!
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O poema do Manel é mesmo muito bonito. Obrigada.
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Obrigada pela partilha
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Obrigada, Zé. Nunca te esqueces deste dia.
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Obrigada pelo poema e pela recordação do Manuel Resende, meu vizinho de férias e fins de semana, que gostei tanto de conhecer.
E já agora, gostei de o reencontrar na exposição da LuÃsa. Foi um feliz acaso.
Um abraço com a amizade de sempre.
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Muito obrigada por tão belos e pertinentes presentes.
E que falta faz ler Manuel Resende. E Primo Levi e o Pina, também.
Um abraço do Porto.
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