Vieram uns todos artilhados – tintas, pincéis, moldes, medidas rigorosas – e deixaram-nos com esta: RESILIÊNCIA. Nada de improvisado, de espontâneo, de atabalhoado. Não. Tudo nos conformes: um fundo a negro, de uns bons vinte metros e, então, por cima as letras brancas, bem recortadas: Resiliência. Não é palavra de todos os dias, nem de toda a gente. Nem todos terão entendido, acho eu. E nesse caso quem agarrará na mensagem? Há uma mensagem? Para quem e por quê deixar ali registada a palavra, só uma palavra, sem mais. “Capacidade de recuperar rapidamente das adversidades”, é o que quer dizer, ao fim e ao cabo. Como a erva que calcamos, que se verga, que cede, para logo retomar a posição inicial. Talvez um bocadinho amochada, ainda assim, mas vá lá. Ali está, pronta para outra. Como aquelas letras na parede. Lá estão.

Dias depois (ou noites, será antes isso), vieram outros. Se calhar não achavam que fosse assim. Que a vida não era isso. Que havia ali qualquer coisa de resignado, de aceitação do que nos pisa e nos calca, de baixar a cerviz perante as prepotências do destino. E vai daí: RESISTÊNCIA. Sem mais aquelas, sem grandes preparos, em gestos rápidos, em cor berrante, sem rigores de grafismos. Bastou interpor aquelas duas letrinhas, um S e um T. Resistência: antes que nos pisem, antes que nos calquem, não hão de passar. Não temos de nos nos curvar.
E isso toda a gente entendeu, acho eu.