
a Feira da Ladra encontra-se tudo e mais alguma coisa. tudo a trouxe-mouxe. as coisas lado a lado descobrem sentidos inesperados, ironias, surpresas. o último livro da Luísa no meio de uma catrefada de livros que o acaso ali reuniu. E as perguntas que a Feira sempre nos propõe, sem nunca nos dar a resposta (sobretudo quando os vendedores não são os profissionais que também os há): nunca saberemos se o livro foi ali parar porque alguém já o leu e quer agora recuperar uns tostões, se desanimou da leitura e quer desfazer-se do livro, porque lho deram e não sabia que lhe fazer. mas estas perguntas devem ser ainda mais insidiosas para os escritores que derem ali de caras com os seus próprios livros. E pior ainda: um dia encontrei, abandonados no fim da feira, uma data de livros do Joaquim Paço d’Arcos, assinados pelo autor e dedicados a um certo amigo seu. É que nem dados…
uma casa com legenda
junto ao Panteão: uma casa toda grafitada, com desenhos que descrevem os objetos, as plantas, os utensílios que se encontram (se devem encontrar, se podem encontrar) em cada uma das divisões: o bengaleiro à entrada, a mesa posta, os armários, a cama feita, pronta a que alguém nela se deite, uma arca fechada. E é a única coisa fechada: de resto é o que se chama uma casa aberta. aos olhares de fora, à curiosidade, à supresa de quem espreita.
