à meia noite fomos para o terraço e desatámos a bater testos das panelas, tampas de tachos. O largo, que o alojamento local deixou deserto de moradores, alheio à nossa festa. Só a família da Dona Lusitana, à janela, respondeu. Bom ano, bom ano. A Cereja cumpre tudo à risca: passas de uvas, champanhe (com cidra a fazer-lhe as vezes). até vestiu uma coisa nova. E obrigou o Coiote a vestir tb um pijama novo, prenda de Natal.
sem nenhum grande fogo de artifício, viam-se inúmeros pequenos archotes de luz a subir no céu da Outra Banda. Viam-se foguetes de Almada, Barreiro, Seixal e toda aquela correnteza que nos serve de horizonte. Em vez do grande vulcão do fogo com que Lisboa costuma impor-se à vista do mundo, esta miríade de pequenos fogos tornou-se inesperadamente mais humana, mais próxima, piscadelas de olho de vizinhos uns aos outros.
e depois fomos acabar de digerir o polvo à lagareiro que eu tinha feito para o jantar. e o bolo grego que a Cereja tinha feito, pela receita que o João V lhe tinha mandado.
Será que com tudo isto o novo ano nos vai acolher melhor?
